terça-feira, 29 de abril de 2014

Alimentos e agrotóxicos

Os consumidores a cada dia estão mais próximos dos produtos que consomem devido aos avanços na comunicação, especialmente internet. Isso faz com que os produtores tenham que se adaptar às tendências de mercado e saber que esse mesmo consumidor será cada dia mais exigente por causa da quantidade de informações existentes sobre aquilo que está comprando.

Um dos assuntos recorrentes é a questão de segurança alimentar, algo primordial para os produtores e para os consumidores. Os agrotóxicos são os que talvez mais preocupam quem vai ao supermercado fazer suas compras. Reportagens em programas de televisão falando que alimento X é campeão em resíduos de agrotóxicos.

Dito isso, existe uma necessidade de analisar por mais de um lado.

Os agrotóxicos (pesticidas, agroquímicos, defensivos agrícolas ou qualquer outra denominação comum) são aliados muito grandes na produção agrícola, mas são muito perigosos quando utilizados sem a orientação adequada. Não vou entrar na questão do uso de EPI que é essencial.

Culpa de todo um sistema onde tem produtor que não tem informação e faz de qualquer maneira, do outro produtor que quer produzir ao máximo com mínimo de custo então não contrata o profissional capacitado (leia-se engenheiro agrônomo), do governo que não tem uma unidade de extensão que realmente funcione para produtores que não tem condições de pagar uma assessoria técnica adequada, dos agrônomos que aceitam assinar receituários agronômicos e deixar em balcões das lojas ou que não dispõe de ética suficiente para receitar os produtos corretos e de quem compra essa produção agrícola que não exige um histórico do manejo da cultura. Novamente também podemos citar o governo que não faz a fiscalização correta nessa área.

Devemos pensar no engenheiro agrônomo como um médico, onde ele identifica a praga ou a doença e receita o produto para combater. O correto é que o agrônomo faça o acompanhamento da lavoura e, além disso, ajude o produtor a planejar essas aplicações. Mas aí esbarra em vários problemas que vão desde a remuneração inadequada do engenheiro agrônomo que recebe salário abaixo do piso, de ter o tempo para acompanhar essa aplicação até o produtor não aceitar a recomendação e faz do “jeito que seu avô fazia que dá certo”.

Antes de fazer o uso do agroquímico deve-se observar primeiro, se esse produto é registrado para aquela cultura, depois a utilização da dose correta. Após a aplicação é necessário saber qual é o período que pode entrar de novo na área e por último, talvez o mais importante, o período de carência. Deve-se lembrar que não existe agroquímico seguro, mas sim formas seguras de usar o agroquímico.

O período de carência é basicamente quanto tempo é necessário esperar até que o produto seja seguro para consumo. Então, se o período de carência é de 30 dias e a colheita será feita em 10, esse produto simplesmente não deve ser aplicado e o produtor procurar outros meios de controle, seja outro agroquímico ou uma solução alternativa.

Orgânicos podem ser uma solução muito boa para esse problema, mas também deve-se vigiar de perto se não há "falhas no sistema" e se não há contaminação por outras fontes. Para o produtor, técnicas como produção em estufas e uso de hidroponia podem ser interessantes uma vez que o controle de pragas e doenças se torna mais fácil, mas para isso é necessário um investimento relativamente grande.

Mas, olhando bem, existe apenas uma regra para produção de alimentos. Para existir segurança alimentar deve-se existir ética em todo o processo. Se há casos em que até o leite vem sendo adulterado com ureia, soda caustica e afins, o que esperar do resto da cadeia de produção de alimentos no Brasil? Produzir bem é produzir com qualidade e responsabilidade.

quarta-feira, 4 de setembro de 2013

Transgenia ≠ Melhoramento Genético Clássico



Convivendo com pessoas que não são do meio agropecuário ou da biologia, percebi que há uma dúvida ainda a respeito do assunto.

Na agropecuária existe uma busca constante para maior produtividade, maior qualidade e maior resistência a clima, pragas e doenças. Tanto na produção animal como vegetal a genética é utilizada para essas finalidades.

Desde que os transgênicos começaram a ser debatidos, há uma polêmica envolvendo meio-ambiente, produção e saúde. O objetivo desse post não é debater esse aspecto, mas sim esclarecer alguns pontos que ficaram um pouco confusos na cabeça da sociedade.

A confusão das pessoas em relação a híbridos e transgênicos é muito grande, então vamos lá, de uma maneira mais simplificada diferenciar os dois.

Os transgênicos são Organismos Geneticamente Modificados por meio de biotecnologia, ou seja, em laboratório é feita a modificação no código genético.

Usando o exemplo da soja, o DNA dessa cultura foi modificado para que ela se tornasse resistente o herbicida glifosato. Podendo assim, aumentar a produtividade e um melhor controle de plantas daninhas.

No Melhoramento Genético Clássico, não há manipulação de DNA em laboratório, esse é feito por meio de cruzamentos. Para um exemplo mais prático, pode-se analisar os cruzamentos entre raças bovinas.

Quando pegamos um animal da raça angus (taurino) e um animal da raça nelore (zebuíno) e cruzamos estes teremos um animal que tem características tanto do angus como do nelore. O resultado desse cruzamento normalmente é chamado de F1 e é considerado um híbrido. A diferença das raças podemos ver no post Do pasto para a mesa.

Vamos usar o milho num cruzamento hipotético. Uma variedade “A” tem maior tolerância à falta de água e baixa produtividade. Aí temos a variedade “B” que não tolera falta de água, mas tem uma produtividade grande.

Nesse cruzamento, o F1 será mais produtivo que “B” e mais tolerante à falta de água que “A”. Usamos essa tecnologia há muito tempo e os números de produtividade têm aumentado ao longo dos anos muito em razão disso.

A genética há muito vem sendo utilizado na agropecuária, mas somente agora, depois da introdução dos Organismos Geneticamente Modificados, que o tema tornou difundido em toda a sociedade.

segunda-feira, 5 de agosto de 2013

O segredo dos Amish



Tecnologia de ponta, tratores de última geração, semeadoras pneumáticas, sementes geneticamente modificadas ou GPS. Nada disso, os fazendeiros Amish nos EUA não utilizam nada disso. 

Amish é um grupo cristão anabatista que vivem nos EUA e no Canadá, especialmente no estado da Pennsylvania. Apesar de serem pouco conhecidos, os Amish são aqueles da aveia Quaker. Com certeza todos já viram aquele homem do logo da marca. Eles são conhecidos por serem extremamente conservadores. Usam pouquíssima tecnologia (inclusive telefones e automóveis). Suas roupas são simples e todas parecidas tecidas pela própria comunidade. Suas casas são construídas por todos, eles não contratam empreiteiras (no máximo compram material de construção).

Na agricultura também deixam a tecnologia de lado. Até pode parecer que eles vão na contramão da agricultura moderna por não utilizar equipamentos de ultima direção, as cultivares mais recentes lançadas no mercado ou até fertilizantes químicos.

O principal objetivo é nutrir as necessidades da comunidade, depois o que é excedente eles comercializam. Para isso não é necessário obter produtividade exorbitante, nem colocar toneladas de adubo químico ou comprar os melhores híbridos no mercado. Basta usar as variedades crioulas das quais eles mesmo produzem as sementes e usar adubos orgânicos como o esterco.

Qual a vantagem de usar tração animal ao invés de investir em maquinário agrícola?
Os Amish não têm pretensões de ter milhares de hectares para plantar, apenas precisam do necessário para a comunidade. Tudo é focado em manter as estruturas e os valores dessa comunidade. Então comprar maquinário é apenas oneroso financeiramente, deixa de ser investimento e passa a ser prejuízo.

Do ponto de vista administrativo a visão deles é muito interessante. Os próprios colonos cultivam sua produção agropecuária. Utilizam apenas tração animal, variedades resistentes a pragas e doenças. Não gastam dinheiro com óleo diesel e manutenção de equipamentos. Também não tem que comprar defensivos. Consequentemente, o custo de produção é muito baixo.

Considerando que eles produzem o suficiente para subsistência de uma maneira sustentável e o excedente é comercializado, por ter um custo de produção baixíssimo, a margem de lucro obtido é tremenda.

Não é necessário seguir um modelo de produção como o Amish, mas também não é necessário ter equipamentos de última tecnologia como os grandes produtores de grãos. Cada sítio, cada fazenda ou cada chácara tem sua peculiaridade. Não adianta gastar de maneira exorbitante em tecnologia de ponta se a propriedade não tem características suficientes para que o lucro consiga pagar o investimento feito.

quinta-feira, 28 de fevereiro de 2013

Ao bom entendedor meia palavra não basta

Hoje fujo um pouco do campo, mas nem tanto. O assunto é algo diretamente ligado ao sucesso ou não de uma empresa. A comunicação é algo muito importante no ambiente pessoal e talvez ainda mais no ambiente profissional.

Boa comunicação faz com que os objetivos sejam atingidos, metas sejam alcançadas e trabalhos sejam executados completamente. É um erro comum ouvirmos metade de uma frase e já partir para a sua conclusão, isso faz com que erros sejam cometidos.

Usando um telejornal como exemplo. Uma notícia é veiculada assim “ajuda à África mata...” e já partimos para a conclusão, “Como assim? Essas pessoas matando, que vergonha!” ou “Que tragédia! Como deixaram isso acontecer?”. A verdade é que a notícia ainda não havia terminado, mas a tendência é de ouvir apenas metade e já partir para a conclusão.

Um erro, pois a notícia original era “ajuda à África mata a fome de 1 milhão de pessoas!”.

A comunicação entre chefes e subordinados tem que ser muito eficaz. Se queremos que algo aconteça na empresa devemos ser muito claros no que estamos para falar. Se queremos fazer um trabalho bem feito devemos ouvir as ordens, sugestões ou críticas na íntegra antes de agir.

Não é fácil receber especialmente críticas, mesmo quando feita de uma maneira boa. Deve-se, sempre que possível, manter a mente mais aberta possível e, às vezes, simplesmente ouvir, mesmo quando é algo que sabemos. Pode ser que há um detalhe ou outro que nós não sabemos ou nos atentamos.

Para ser compreendido é necessário falar as coisas com clareza, sempre em um tom de voz calmo e sereno. Ninguém consegue apresentar seu ponto de vista no grito. Isso é muito importante quando for reportar a algum superior ou colega algo importante.

Podemos ver de um modo muito comum ver as empresas enchendo a boca para falar que tem planejamento, mas a comunicação interna da empresa é falha. Tarefas só serão executadas de maneira correta se a comunicação for 100% eficaz.

A teoria da comunicação eficaz é muito simples, a aplicação prática dela extremamente difícil. Depende do emissor se comunicar bem e do receptor receber essa mensagem íntegra, já são 2 fatores logo ali. Além desses 2 fatores, há fatores externos que podem interferir. Para termos uma empresa de sucesso, para sermos profissionais bem sucedidos, para sermos melhores filhos, amigos, parceiros e etc. devemos focar em reproduzirmos corretamente a mensagem e receber integralmente a mensagem.

quarta-feira, 27 de fevereiro de 2013

O gigante não tão adormecido

Quando estamos em uma roda de amigos ou de discussão existe uma visão que o Brasil é um país de retrocessos, que nada funciona, que tudo é muito difícil. E até certo ponto chega a ser verdade. Sempre dizem que é o gigante adormecido.

Nossa economia tem seus erros, especialmente quanto à quantidade de impostos que se paga para ter uma atividade econômica e trazer benefícios para o Brasil.

A burocracia também ocupa uma parcela grande de culpa no pensamento apresentado. Tudo é tão demorado, tudo é tão difícil de obter. Mas, pensando bem, todos os países latinos tem muita burocracia. É algo cultural, que vem desde a Roma antiga que tudo precisa de formalidades, papéis, etc.

Apesar disso tudo, o Brasil não é tão retrógrado assim. Temos muitas empresas de muito sucesso, temos setores que são referência no mundo.

Se analisarmos, a Petrobrás é uma das maiores empresas do setor no mundo, assim como a Vale, o grupo EBX, JBS, BRF e Inbev. Esse último acaba de adquirir o Ketchup mais vendido dos EUA, a Heinz, e já havia adquirido, pelo menos em parte, a Budweiser e o Burguer King.

Todas essas empresas são nacionais ou tem participação brasileira. O grupo Maggi, e o grupo El Tejar são os maiores produtores de soja do mundo. O primeiro é brasileiro, o segundo tem a produção em solo brasileiro.

Dentre todas as empresas mencionadas, apenas Petrobrás, Vale e o Grupo EBX não tem participação no setor agropecuário.  Os outros são ligados ao setor, seja diretamente na produção ou na parte de alimentos.

O país com maior vocação agrícola é o Brasil, não há outro país que tenha o potencial de produção que o nosso país tem.
Laranja, soja, milho, cana-de-açucar, café, carnes e outros, são os principais produtos brasileiros que fazem com que o país seja reconhecidamente um dos maiores e melhores produtores mundiais. 

Depois de safras recordes de milho, existe a expectativa do USDA que o Brasil deve passar a ser o maior exportador de milho no mundo. Pela grande produção e uma demanda não tão grande no mercado interno possibilitam que o país assuma essa posição, mesmo que a expectativa que isso seja algo provisório e os EUA devem voltar ao posto de número 1.

Nosso país demonstra cada vez mais que a agropecuária é o presente e o futuro do nosso país. Podemos nos orgulhar desse setor no Brasil e começarmos a olhar com bons olhos o mundo rural brasileiro.

terça-feira, 19 de fevereiro de 2013

A tecnologia que chega ao campo

Foi se o tempo em que o produtor rural brasileiro era visto como desatualizado, como alguém que não sabe o que acontece no mundo porque passa o tempo todo na fazenda e não tem comunicação com a vida urbana.

Com o fácil acesso a um computador, uma televisão por satélite e internet (mesmo com pouca qualidade) fazem com que o produtor esteja inserido no mundo.

Na verdade, hoje o campo vive com muita tecnologia de ponta. O GPS é uma realidade nas lavouras, onde a área é mapeada para diversos fins, seja para saber quanto produziu, seja para a aplicação de defensivos agrícolas ou para a fertilização de solo, além de outros usos.

A genética é algo também muito presente. Os trabalhos de melhoramento genético do rebanho e das culturas têm sido notáveis. O uso de híbridos e de transgênicos é comum nas fazendas. As florestas de eucaliptos usam muito árvores clones, ou seja, com as mesmas características genéticas. Isso é feito para que a floresta tenha as características desejadas para os devidos fins.

Os tratores hoje em dia são muito diferentes dos de 10, 15 anos atrás. Eles têm várias funções no computador de bordo, tem piloto automático, ar-condicionado. Hoje é muito confortável para o operador. Além de tudo, o trator, a colhedora ou pulverizador passam todas as informações das operações e assim tem um excelente controle sobre o que está acontecendo.

De um modo geral, uma semente com mais qualidade, entenda-se melhor genética, exige mais cuidados. Qualquer deslize pode significar um prejuízo grande ao produtor, já que quanto mais qualidade maior é o custo de produção.

Com essa realidade, é possível observar que há produtores querem comprar os produtos com a maior qualidade para uma produção melhor, mas não dispõem da tecnologia necessária para que esse produto produza o máximo, correndo o risco de prejuízos.

É importante que toda área de produção tenha um profissional capacitado, seja Engenheiro Agrônomo, Médico Veterinário, Zootecnista ou Engenheiro Florestal acompanhando as atividades para que ele possa auxiliar no planejamento, execução e acompanhamento da produção.

sexta-feira, 1 de fevereiro de 2013

Intercâmbio: fazer ou não?

Por ter passado muito tempo trabalhando no meio de intercâmbios, especificamente intercâmbios agrícolas, escrevo hoje algumas dicas sobre o assunto.

Ouvimos muitas vezes que o mercado de trabalho procura pessoas que tem vivência internacional e inglês avançado ou fluente. Isso é verdade, mas é necessário, antes de escolher o programa, saber algumas coisas.

A primeira coisa que é necessária saber é que a pessoa estará imersa em uma sociedade e cultura totalmente diferente daquela que está acostumado. Essa adaptação é muito difícil e exige paciência e muita, mas muita determinação.

É normal sentir saudade da família, dos amigos, das próprias coisas, da comida de casa e do “calor” do povo brasileiro.

A segunda questão a ser avaliada é procurar um programa que atenda às necessidades e às expectativas geradas.

Existem inúmeras opções para intercâmbio a serem escolhidas, mas é necessário que o interessado saiba muito bem qual é seu perfil e seu objetivo com essa viagem para não ter decepções.

Se você gostaria de aprender inglês, coloque isso como o principal foco, não escolha um programa do tipo “work & travel” ou estágios. Evite, se possível, as escolas “mais baratas” e os principais destinos de brasileiros. Lembre que o seu foco é aprender inglês, então tente se distanciar ao máximo do português e a qualidade da escola reflete muito no aprendizado. É importante que você já saiba qual o nível do seu inglês antes de viajar. Cursos preparatórios para exames de proficiência são muito indicados pra fazer no exterior.

A opção de estágios ou “work & travel” são muito boas para quem quer vivenciar o mercado de trabalho no exterior ou, no caso do work & travel, fazer um pequeno pé de meia. Não se iluda que vai voltar falando inglês super bem que isso não acontecerá. Você estará focado em trabalhar, normalmente convivendo com outros estrangeiros e estará cansado. O inglês melhora, mas não é um salto na qualidade do idioma não.

Agora, se sua opção é apenas ter uma experiência no exterior, curtir o país ou simplesmente vivenciar a cultura a opção mais indicada são as escolas que oferecem muitas atividades ao ar livre, ou estar em um país que permite trabalhar enquanto estuda e poderá procurar trabalhos em áreas que tenha bastante contato com pessoas, como restaurantes, lojas, etc.

Quando procura desenvolvimento profissional na sua área de atuação, não “perca tempo” nos programas de work & travel ou simplesmente curso de inglês, ah não ser que seja para exames de proficiência ou sua empresa exige um “boost” na língua. Existem programas de estágios, cursos específicos para a sua área de atuação ou programas de pós-graduação.

Existem muitas empresas que oferecem intercâmbios. Para escolher a empresa, pesquise as opções, busque histórico dessas e o principal, veja se a empresa e a pessoa que está vendendo o programa te passa confiança. Não deixe passar nada em branco, pergunte tudo e assim poderá aproveitar essa experiência que será de valia pelo resto da vida.