terça-feira, 28 de agosto de 2012

O mercado do milho


O Brasil é um dos maiores produtores mundiais de milho. Essa cultura tem expandido nos últimos anos, impulsionado especialmente pela alta nos preços do produto.

No mercado futuro podemos ver que a saca de 60kg está acima dos R$30,00 de acordo com a BM&F. O indicador Cepea/ESALQ também aponta para valores acima dos trinta reais.

Se olharmos alguns anos atrás, produtores se contentavam em vender o milho produzido em sua propriedade por R$20,00 ou até menos. 

A verdade é que globalmente a procura por milho vem aumentando. Fatores como produção de etanol nos EUA fazem com que o Brasil tenha um mercado externo muito favorável para a exportação dessa commodity. 

Essa alta dos preços afetam muito os produtores de suínos e aves, que utilizam a commodity para alimentação dos seus animais. No post “O futuro da feijoada, do bacon e do presunto” abordei um pouco esse tema que dificulta e muito a produção.

Por outro lado, o agricultor que decidiu plantar milho ultimamente anda feliz. A cada dia, temos novas cultivares mais produtivas no mercado, seja de milho híbrido ou de milho transgênico, que ficam cada vez mais acessíveis aos produtores. Com os preços lá em cima e produzindo mais por hectare os especialistas esperam um aumento ainda maior da área cultivada com milho para a safra 2012/13.

Se o mercado mantiver os preços de hoje, podemos prever ainda dificuldades para suinocultores e avicultores que continuarão penando para conseguir obter lucro. Já o agricultor de milho deve sorrir se todas as condições se mantiverem favoráveis, especialmente fatores climáticos.

sexta-feira, 24 de agosto de 2012

Infraestrutura e o meio rural


De maneira geral a infraestrutura no Brasil é preocupante. Temos condições precárias para transporte, com estradas horríveis, poucas ferrovias e o transporte aéreo é um caos. Basta viajar em qualquer feriado e ver como são os aeroportos. Se já não bastasse, os portos também são um gargalo.

Temos também vários problemas com telecomunicações. Basta ver os campeões de reclamações no PROCON e ver todas as empresas de telefonia presentes.

No meio rural, essa falta de infraestrutura é ainda pior. É muito difícil chegar às fazendas na época de chuvas, em muitos casos até quem tem um 4 x 4 fica pelo caminho atolado. Quando é época de seca os buracos estão aí, para furar pneus e danificar veículos. As estradas vicinais são tratadas com descaso pelos governos e em muitos casos, os próprios produtores dão um jeito na estrada com seu próprio maquinário. 

Temos uma carga tributária muito alta e ainda o produtor tem que se preocupar em arrumar uma via pública.

Essa falta de infraestrutura nas estradas rurais, em especial, afeta diretamente o preço do frete daqueles produtos que hoje chegam à nossa mesa e ao nosso armário. Sem contar o preço do pedágio e condições das rodovias mesmo.

Outro problema que você encontra nas fazendas é telecomunicação. Choveu e o produtor já fica sem telefone, sem internet. Tem gente que precisa se pendurar em árvores para conseguir um pouco de sinal de celular, literalmente. 

Atualmente a necessidade de dar respostas quase que instantâneas para fechar negócios é maior.  Mas, se não temos telefone ou internet para fazer isso, fica difícil. 

Energia elétrica é outro fator que dificulta a vida rural. Se chover bastante, já sabemos que a chance de ficar sem energia é alta. Se um produtor de leite fica sem energia, ele não tem como fazer a ordenha (tirar leite da vaca). No caso de uma granja de frango se ficar sem energia, muitos animais morrem. 

A falta de infraestrutura afeta a vida urbana e a rural. Existe a necessidade de uma mobilização e exigir mais infraestrutura do país que é o sexto maior PIB do mundo. A hora que a sociedade realmente se mobilizar para isso, com certeza os governos começarão a olhar com melhores olhos a questão de infraestrutura.

quinta-feira, 23 de agosto de 2012

O Novo Código Florestal


O setor agropecuário ganhou um destaque maior na mídia esses tempos com a votação do Novo Código Florestal. Fazia tempo que os brasileiros não se interessavam tanto por um projeto sendo votado pelos nossos parlamentares. Isso é um sinal positivo de participação da sociedade. 

Infelizmente muita coisa foi distorcida em campanhas publicitárias. Esse assunto estava sendo debatido há tempos no congresso, mas infelizmente a sociedade apenas se interessou pelo assunto quando celebridades começaram a aparecer na TV pedindo que nossa presidente Dilma vetasse o novo código todo. Muitas pessoas que apoiaram esse movimento de “veta tudo Dilma” nem sequer leram a proposta do novo código. Há pontos de avanço nesse código, assim como pontos de retrocesso ambiental. 

A ideia não é levantar a bandeira de um lado ou de outro. Mas precisamos avaliar com um olhar crítico se as campanhas publicitárias são realmente com tantos benefícios assim.

Um produtor rural depende do meio ambiente para produzir. Ele precisa de água limpa, de um solo produtivo e que os fatores climáticos (temperatura e chuvas) sejam favoráveis para a produção. Não há como negar isso. Quem não se preocupar com a questão ambiental terá prejuízos.

O Brasil é o único país que determina que produtores precisem de Áreas de Preservação Permanente e Reserva Legal. Já a maioria das organizações que pintam o agronegócio brasileiro como o grande vilão ambiental são de países que são ameaçados pela produção agrícola brasileira, uma estranha coincidência. Eles exigem que o Brasil mantenha suas florestas, que o Brasil recomponha as florestas, mas você não vê essas organizações fazendo todo esse barulho no país de origem. Como brasileiro, eu sinto ofendido quando organizações como Greenpeace e WWF vem exigir do Brasil a parte ambiental. Será que eles não olham para os EUA e para a Europa? Por que eles não exigem primeiro que os seus países de origem vire um exemplo ambiental antes de vir falar mal do Brasil? A figura abaixo já diz muito.

Também acho que o Brasil tem suas falhas, mas o problema é o sujo falando do mal lavado. O Brasil é um dos países mais cobertos por florestas no mundo. 

Vi uma barulheira a respeito do Novo Código Ambiental e a sociedade urbana condenando os produtores rurais. Essa mesma sociedade que não falou nada do governo abaixar o IPI dos carros incentivando que tenhamos cada vez mais carros nas ruas poluindo cada vez mais, na verdade celebra esse fato. Irônico, né?

Quanto ao assunto Novo Código Ambiental, nós precisamos olhar essa questão não apenas pelo lado ambiental, mas sim o lado social e econômico disso. Será que é justo cobrarmos de um pequeno produtor de hortaliças e frutas que abastece as grandes cidades que ele recomponha a maior parte do seu pequeno sítio por estar em área de preservação permanente? Será que com isso não começaríamos a pagar ainda mais caro pelo alimento que vem à nossa mesa todos os dias?

Quem será mais afetado pelas mudanças do Novo Código não serão os enormes produtores. O grupo Maggi, por exemplo, é um dos maiores produtores de soja do mundo. O faturamento deles não seria tão afetado proporcionalmente como seria daquele pequeno produtor do nosso município que abastece a cidade. Será que é interessante nós afetarmos a produção nacional de arroz porque eles plantam na várzea? Aí importamos o arroz e vamos pagar ainda mais caro por isso.

Acredito que para esse assunto precisamos pensar na sustentabilidade. Sim, aquela palavra da moda. A sustentabilidade é definida como algo socialmente justo, economicamente viável e ecologicamente correto.

O Novo Código Florestal deve ser olhado em todos os lados. Não adianta vermos só o lado ambiental ou só o lado da produção. Precisamos de um olhar global. Como isso afeta o nosso cotidiano. Nunca agradamos a gregos e troianos e precisamos de um meio termo em todos esses assuntos.

sexta-feira, 17 de agosto de 2012

O futuro da feijoada, do bacon e do presunto

Quando falamos em culinária brasileira lembramos logo de cara o churrasco e a tradicional feijoada. No post passado falei um pouco de bovinos e do churrasco. Hoje vou dar ênfase a um dos principais ingredientes da feijoada, a carne de porco.

O setor de suínos anda em crise ultimamente. O valor recebido pelo kg de carne produzida é menor que o custo de produção.

Qualquer administrador lendo essa afirmação já pensaria que é um absurdo um produtor vender o seu produto por um preço menos que o custo de sua produção. Realmente, é um absurdo. Mas, esse absurdo não tem acontecido por má gestão dos granjeiros, pelo menos em muitos casos.

No post “A variação dos preços agrícolas” expliquei que os preços variam de acordo com o mercado. Isso não vale apenas para produtos de origem vegetal, mas vale para os produtos de origem animal também.
O produtor recebe pelo kg de carne do animal aquilo que está sendo praticado no mercado. O site Suino.com mostra que os preços pelo kg vivo do porco têm variado entre R$ 2,40 até R$3,70 de acordo com cada estado.

Para a alimentação dos suínos utiliza-se principalmente milho e soja. Essas commodities estão com uma demanda mundial cada vez maior. Assim, os valores da saca de milho e de soja no mercado estão bem altos.

Além do custo de alimentação dos animais, também há custo com energia elétrica, funcionários e especialmente impostos em cima de toda a cadeia produtiva suína.

Fazendo as contas de todos os custos de produção e o que se recebe pelo suíno, a conta não fecha. O produtor está tirando do bolso dele para colocar carne suína nas nossas mesas. Isso é um fator preocupante, já que se o setor suíno quebrar nós corremos o risco de ficar sem aquela feijoada de sábado, o torresminho que tanto apreciamos, o x-bacon na lanchonete do bairro e até o sanduíche de presunto do “Chaves” (aquele mesmo da série de sucesso da TV).

A produção agropecuária afeta muito mais as nossas vidas urbanas do que podemos imaginar. É hora de os governos municipais, estaduais e federal olharem para esse setor econômico com carinho para que as crises do setor não afetem drasticamente a nossa vida cotidiana.

quarta-feira, 15 de agosto de 2012

Do pasto para a mesa

O brasileiro em geral, a não ser que seja vegetariano, é apaixonado por churrasco. Segundo o IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística) o Brasil possui o maior rebanho comercial bovino do mundo. Isso é ótimo, mas muitos têm a dúvida “O que é rebanho comercial?”.

O nosso país tem aproximadamente 209 milhões de bovinos. Todos esses animais são criados para fins comerciais, seja para produzir carne e leite ou para a venda de sêmen e embriões para melhoramento genético.

Com isso esclarecido é comum daí ouvir “Então não é todo “Boi” que produz leite?” ou a outra pergunta “Não podemos comer vaquinhas de leite?”.

A resposta e sim para as duas perguntas. Todo bovino, que tem o nome científico Bos taurus, produz leite. Mas nos referimos à bovinos de leite aqueles animais de raça que produzem mais leite. Podemos citar algumas raças como a holandesa (aquela malhada de preto e branco que identificamos como a famosa vaca “mimosa”), jersey, gir leiteiro, entre outras. No caso desses animais, o alimento é transformado mais em leite do que em músculo.

Os bovinos de corte também produzem leite, mas apenas o suficiente para amamentação da sua cria. Esses animais transformam seu alimento em músculo e gordura, ou seja, em carne. As raças mais famosas são nelore, angus, hereford, brahman, limousin e outros.

Claro que podemos usar bovinos leiteiros para carne, mas aí comeremos aquele churrasco borrachudo, que você mastiga, mastiga e mastiga e nada de conseguir comer e saborear a carne de tão “dura” que é. 

Quando falamos na espécie bovina podemos dividi-la em dois. Temos o Bos taurus taurus que é o taurino, que têm origem europeia e temos o Bos taurus indicus, o famoso zebu de origem asiática e que se caracteriza por ter um cupim bem grande.

Para comermos um churrasco de qualidade, alguns fatores como a raça do animal e a idade influem diretamente na carne. Temos raças que a carne é conhecidamente macia como é o caso do angus e do hereford.  Esses são animais mais precoces então conseguimos abatê-los mais novos.

Já os zebuínos como nelore e o brahman, são conhecidos por sua rusticidade, ou seja, sua fácil adaptação às condições de campo. Normalmente têm uma carne um pouco mais dura, por ser menos precoce, que acarreta em um abate mais tardio.

Quando compramos uma carne embalada a vácuo, isso não só nos dá uma garantia de maior segurança alimentar, mas normalmente esses frigoríficos que vendem a carne já embalada têm a descrição do animal, como sexo do animal e muitas vezes a raça. Assim, podemos ter uma ideia se nosso churrasco será bem apreciado ou não. Quando compramos em açougues uma carne que não esteja embalada e com a identificação do animal, não sabemos se é um boi precoce com a carne macia ou se é uma “vaca velha” leiteira que não produz leite suficiente mais e foi vendida para um matadouro.

Quanto mais exigentes forem os consumidores, maior a qualidade de carne nós teremos à nossa mesa. A pecuária brasileira hoje trabalha, por meio de melhoramento genético, para aumentar a rusticidade do rebanho e produzir uma carne mais macia. Se começarmos a exigir na hora da compra da carne que esteja identificado o sexo, a raça e a idade do animal abatido, nós vamos ter a certeza de um churrasco de qualidade e não aquele churrasco borrachudo.

terça-feira, 14 de agosto de 2012

A variação dos preços dos produtos agrícolas

Muitas vezes nos perguntamos “Por que os alimentos variam tanto de preço?”. A resposta está na maioria das vezes no campo. Dependendo da época você encontra um alimento mais barato e em outra época você encontra esse alimento muito mais caro. Hoje explicarei um pouco sobre como funcionam os preços dos produtos agrícolas e como isso afeta o consumidor.

Os valores para alimentos de origem vegetal variam muito no decorrer do ano. Isso ocorre porque existe uma época ideal para o plantio e para a colheita.

Quando assistimos às reportagens nos jornais, esses falam a palavra safra ou a expressão “da estação” para dizer o que está mais barato e o que está mais caro.

Safra é uma palavra comunmente usada para referir-se à época de colheita. Nesse período, por haver mais disponibilidade desse produto, o preço acaba sendo mais atrativo para nós consumidores. Essa é a lei da oferta e da demanda, quanto maior a oferta, menor o preço. Quando não estamos mais na safra o preço do alimento fica salgado e a qualidade também é muitas vezes inferior.

A qualidade e produtividade dos produtos agrícolas dependem de fatores climáticos, e isso faz com que muitas vezes tenhamos menos disponibilidade de produtos e eles podem ter uma qualidade inferior. Se tivermos escassez ou excesso de chuva podemos ter uma quebra na safra (redução na produção).

Diferente de uma indústria que fabrica o seu produto, analisa quanto custa para produzir e define o preço mais justo a receber por essa mercadoria, os produtores rurais não definem os preços da sua produção. Normalmente quem está comprando usa uma cotação média do mercado, algo parecido com a cotação do dólar. Essa é uma das principais dificuldades dos produtores agrícolas, já que na época de plantio eles não têm certeza do valor que receberão pela sua produção.

Como vemos, os preços variam muito de acordo com a época. Como consumidores, uma ideia é tentar sempre comprar a hortaliça ou fruta “da estação”, ou seja, a que está em plena colheita. Assim, garantimos um preço menor e uma qualidade maior do que em outras épocas. Já o produtor, deve se preocupar em produzir mais e com mais qualidade, garantindo um valor mais interessante pela sua produção. Uma opção muito interessante para diminuir a influência do clima sobre a produção e manter uma boa produtividade e qualidade é utilizar o “cultivo protegido” a popular estufa. Mas isso não funciona para todo tipo de produção agrícola. Não temos como manter uma árvore dentro de uma “estufa” e muito menos um campo de produção de milho, por exemplo.

Não temos como fugir dessa variação de preços durante o ano. O máximo que podemos fazer é contornar a situação, tanto consumidores como produtores. Simplesmente nos resta a ter jogo de cintura nessas horas.


segunda-feira, 13 de agosto de 2012

O agronegócio e o impacto no cotidiano


Olá pessoal, estou iniciando a minha vida de blogueiro.

O objetivo com esse blog é de colocarmos em foco como o agronegócio afeta nossas vidas. O nosso cotidiano é repleto de coisas que vem da agropecuária. Seja na nossa alimentação, seja nas nossas roupas e nos móveis de nossa casa.

Quando reclamamos do preço do alimento, o que não ocorre muitas vezes é de entender as razões desses acontecimentos.

Vivemos em um país onde o governo incentiva a produção de carros isentando-os de impostos, mas sequer pensa em tirar os impostos dos alimentos que consumimos diariamente. A falta de infra-estrutura especialmente na área de transporte é gritante. Pagamos caríssimo pelo frete e isso logicamente afeta o preço do nosso prato, das nossas roupas, etc.

Recentemente, o agronegócio ficou mais em evidência com a votação do Código Florestal. Entrou em debate um conceito de Agropecuária X Preocupação Ambiental. Durante a época o agro foi pintado como o grande vilão ambiental. Poucos percebem que quem é o grande vilão ambiental somos nós, a própria sociedade e não apenas um setor econômico.

Nós compramos e produzimos diariamente uma quantidade enorme de lixo e nem sequer incentivamos de fato a reciclagem. Lógico que isso é uma generalização, pois há pessoas que se dedicam de fato a isso, mas a verdade é que a grande maioria prefere a praticidade do mundo moderno às questões ambientais.

Talvez a questão ambiental seja o assunto da moda, mas também temos o olhar social da coisa. Não podemos permitir que a sociedade rural entre em colapso, pois assim haverá um êxodo para as cidades e todos os problemas que reclamamos diariamente como violência, fome e miséria aumentam. Não podemos como sociedade, permitir que tenhamos crise no setor suíno, por exemplo, onde o produtor recebe pelo Kg de carne menos que o custo de produção de Kg de carne suína.

Precisamos de uma sinergia entre sociedade rural, sociedade urbana e governantes. Quando conseguirmos isso, o benefício será de todos.