O setor agropecuário ganhou um destaque maior na mídia esses
tempos com a votação do Novo Código Florestal. Fazia tempo que os brasileiros
não se interessavam tanto por um projeto sendo votado pelos nossos
parlamentares. Isso é um sinal positivo de participação da sociedade.
Infelizmente muita coisa foi distorcida em campanhas
publicitárias. Esse assunto estava sendo debatido há tempos no congresso, mas
infelizmente a sociedade apenas se interessou pelo assunto quando celebridades
começaram a aparecer na TV pedindo que nossa presidente Dilma vetasse o novo
código todo. Muitas pessoas que apoiaram esse movimento de “veta tudo Dilma”
nem sequer leram a proposta do novo código. Há pontos de avanço nesse código,
assim como pontos de retrocesso ambiental.
A ideia não é levantar a bandeira de um lado ou de outro.
Mas precisamos avaliar com um olhar crítico se as campanhas publicitárias são
realmente com tantos benefícios assim.
Um produtor rural depende do meio ambiente para produzir.
Ele precisa de água limpa, de um solo produtivo e que os fatores climáticos
(temperatura e chuvas) sejam favoráveis para a produção. Não há como negar isso.
Quem não se preocupar com a questão ambiental terá prejuízos.
O Brasil é o único país que determina que produtores
precisem de Áreas de Preservação Permanente e Reserva Legal. Já a maioria das
organizações que pintam o agronegócio brasileiro como o grande vilão ambiental
são de países que são ameaçados pela produção agrícola brasileira, uma estranha
coincidência. Eles exigem que o Brasil mantenha suas florestas, que o Brasil
recomponha as florestas, mas você não vê essas organizações fazendo todo esse
barulho no país de origem. Como brasileiro, eu sinto ofendido quando
organizações como Greenpeace e WWF vem exigir do Brasil a parte ambiental. Será
que eles não olham para os EUA e para a Europa? Por que eles não exigem
primeiro que os seus países de origem vire um exemplo ambiental antes de vir
falar mal do Brasil? A figura abaixo já diz muito.
Também acho que o Brasil tem suas falhas, mas o problema é o
sujo falando do mal lavado. O Brasil é um dos países mais cobertos por
florestas no mundo.
Vi uma barulheira a respeito do Novo Código Ambiental e a
sociedade urbana condenando os produtores rurais. Essa mesma sociedade que não
falou nada do governo abaixar o IPI dos carros incentivando que tenhamos cada vez
mais carros nas ruas poluindo cada vez mais, na verdade celebra esse fato.
Irônico, né?
Quanto ao assunto Novo Código Ambiental, nós precisamos olhar essa questão não apenas pelo lado ambiental, mas sim o lado social e econômico disso. Será que é justo cobrarmos de um pequeno produtor de hortaliças e frutas que abastece as grandes cidades que ele recomponha a maior parte do seu pequeno sítio por estar em área de preservação permanente? Será que com isso não começaríamos a pagar ainda mais caro pelo alimento que vem à nossa mesa todos os dias?
Quem será mais afetado pelas mudanças do Novo Código não
serão os enormes produtores. O grupo Maggi, por exemplo, é um dos maiores
produtores de soja do mundo. O faturamento deles não seria tão afetado
proporcionalmente como seria daquele pequeno produtor do nosso município que
abastece a cidade. Será que é interessante nós afetarmos a produção nacional de
arroz porque eles plantam na várzea? Aí importamos o arroz e vamos pagar ainda
mais caro por isso.
Acredito que para esse assunto precisamos pensar na sustentabilidade.
Sim, aquela palavra da moda. A sustentabilidade é definida como algo
socialmente justo, economicamente viável e ecologicamente correto.
O Novo Código Florestal deve ser olhado em todos os lados. Não adianta vermos só o lado ambiental ou só o lado da produção. Precisamos de um olhar global. Como isso afeta o nosso cotidiano. Nunca agradamos a gregos e troianos e precisamos de um meio termo em todos esses assuntos.
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