quinta-feira, 23 de agosto de 2012

O Novo Código Florestal


O setor agropecuário ganhou um destaque maior na mídia esses tempos com a votação do Novo Código Florestal. Fazia tempo que os brasileiros não se interessavam tanto por um projeto sendo votado pelos nossos parlamentares. Isso é um sinal positivo de participação da sociedade. 

Infelizmente muita coisa foi distorcida em campanhas publicitárias. Esse assunto estava sendo debatido há tempos no congresso, mas infelizmente a sociedade apenas se interessou pelo assunto quando celebridades começaram a aparecer na TV pedindo que nossa presidente Dilma vetasse o novo código todo. Muitas pessoas que apoiaram esse movimento de “veta tudo Dilma” nem sequer leram a proposta do novo código. Há pontos de avanço nesse código, assim como pontos de retrocesso ambiental. 

A ideia não é levantar a bandeira de um lado ou de outro. Mas precisamos avaliar com um olhar crítico se as campanhas publicitárias são realmente com tantos benefícios assim.

Um produtor rural depende do meio ambiente para produzir. Ele precisa de água limpa, de um solo produtivo e que os fatores climáticos (temperatura e chuvas) sejam favoráveis para a produção. Não há como negar isso. Quem não se preocupar com a questão ambiental terá prejuízos.

O Brasil é o único país que determina que produtores precisem de Áreas de Preservação Permanente e Reserva Legal. Já a maioria das organizações que pintam o agronegócio brasileiro como o grande vilão ambiental são de países que são ameaçados pela produção agrícola brasileira, uma estranha coincidência. Eles exigem que o Brasil mantenha suas florestas, que o Brasil recomponha as florestas, mas você não vê essas organizações fazendo todo esse barulho no país de origem. Como brasileiro, eu sinto ofendido quando organizações como Greenpeace e WWF vem exigir do Brasil a parte ambiental. Será que eles não olham para os EUA e para a Europa? Por que eles não exigem primeiro que os seus países de origem vire um exemplo ambiental antes de vir falar mal do Brasil? A figura abaixo já diz muito.

Também acho que o Brasil tem suas falhas, mas o problema é o sujo falando do mal lavado. O Brasil é um dos países mais cobertos por florestas no mundo. 

Vi uma barulheira a respeito do Novo Código Ambiental e a sociedade urbana condenando os produtores rurais. Essa mesma sociedade que não falou nada do governo abaixar o IPI dos carros incentivando que tenhamos cada vez mais carros nas ruas poluindo cada vez mais, na verdade celebra esse fato. Irônico, né?

Quanto ao assunto Novo Código Ambiental, nós precisamos olhar essa questão não apenas pelo lado ambiental, mas sim o lado social e econômico disso. Será que é justo cobrarmos de um pequeno produtor de hortaliças e frutas que abastece as grandes cidades que ele recomponha a maior parte do seu pequeno sítio por estar em área de preservação permanente? Será que com isso não começaríamos a pagar ainda mais caro pelo alimento que vem à nossa mesa todos os dias?

Quem será mais afetado pelas mudanças do Novo Código não serão os enormes produtores. O grupo Maggi, por exemplo, é um dos maiores produtores de soja do mundo. O faturamento deles não seria tão afetado proporcionalmente como seria daquele pequeno produtor do nosso município que abastece a cidade. Será que é interessante nós afetarmos a produção nacional de arroz porque eles plantam na várzea? Aí importamos o arroz e vamos pagar ainda mais caro por isso.

Acredito que para esse assunto precisamos pensar na sustentabilidade. Sim, aquela palavra da moda. A sustentabilidade é definida como algo socialmente justo, economicamente viável e ecologicamente correto.

O Novo Código Florestal deve ser olhado em todos os lados. Não adianta vermos só o lado ambiental ou só o lado da produção. Precisamos de um olhar global. Como isso afeta o nosso cotidiano. Nunca agradamos a gregos e troianos e precisamos de um meio termo em todos esses assuntos.

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