Aproveitando que os alimentos orgânicos andam em alta na
mídia, decidi falar um pouco sobre eles.
Os alimentos orgânicos têm ganhado espaço nas prateleiras
dos supermercados, seja por questões de saúde dos consumidores ou por questões
de preocupação com o lado ambiental.
Existem muitas verdades e muitos mitos sobre os orgânicos,
mas a ideia não é levantar uma bandeira a favor ou contra.
O tema da produção orgânica tem muitas divergências, com
radicalismos contra e a favor. Um meio termo é um caminho bom a se seguir.
Muitas pessoas se perguntam, por que o produto orgânico é
mais caro se não usa agrotóxico? Na produção orgânica é necessário que haja uma
mão de obra mais intensiva, com capinas e tratos culturais, enquanto no
convencional, você basicamente aplica um herbicida, inseticida ou fungicida e
só faz um acompanhamento de pragas e doenças para uma próxima aplicação. Outro
motivo é que para o alimento ser considerado de fato orgânico é necessária uma
certificação por órgãos responsáveis, atestando que segue todas as regras da
produção orgânica, sendo que é necessário um bom controle sobre a produção e
utilizar fertilizantes, inseticidas e fungicidas especificados para que se
tenha essa certificação.
Olhando sob o ponto de vista de fertilidade do solo, na
produção orgânica praticamente não se usa fertilizantes químicos, com exceção de
um ou outro fertilizante mineral de baixa solubilidade que os órgãos de
certificação permitem, como o Sulfato de Potássio (K2SO4),
de acordo com a EMBRAPA. Mas não é porque não se usa fertilizantes químicos e pesticidas
químicos que pode se usar os naturais indiscriminadamente. Esses também exigem
um cuidado, pois se usados de maneira irracional podem contaminar o ambiente,
como a cama de frango (rico em Nitrogênio que é um elemento de fácil lixiviação
e pode contaminar lençóis freáticos com nitratos).
De maneira geral, os alimentos orgânicos, em tese, tem uma
segurança alimentar maior, por não possuir resíduos de agrotóxicos, mas existe
uma preocupação de alguns pesquisadores com contaminação microbiológica e
parasitária pelo uso de esterco e afins como fertilizante.
Muitas pesquisas apontam que nutricionalmente, o produto
orgânico é mais nutritivo que o convencional, embora também haja pesquisas que
não indicam diferença nutricional significante entre os sistemas.
A produção orgânica é um nicho muito interessante para produtores com o aumento da demanda por esses produtos. Mas não há verdades absolutas no sistema orgânico e nem no convencional. O fato é que toda produção deve ser acompanhado de perto por um Engenheiro Agrônomo, uma vez que esse profissional tem a bagagem para que essa produção seja realmente benéfica ao meio ambiente e ao consumidor.
O importante é que nós como sociedade não fiquemos com “achismos”. Se pesquisarmos com mente aberta sobre os sistemas de produção, poderemos ver que todos têm vantagens e desvantagens e nenhum sistema é uma verdade absoluta. Minha opinião é que temos espaço para todos os tipos de produção, seja orgânico, seja convencional ou hidropônico. Cabe ao produtor rural consultar o técnico para saber qual é o sistema que melhor se adéqua à sua realidade.
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